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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Régis Tadeu e a polêmica do funk carioca


Circula na internet um vídeo em que o crítico musical Régis Tadeu é entrevistado junto ao grupo de funk carioca As Tequileiras e do artista Mc Rodolfinho, outro representante do gênero.

No referido vídeo, extraído de um programa da Rede TV, o crítico tece comentários contundentes a respeito do funk carioca, sua história e até mesmo o contexto social onde ele se insere e prolifera. Para quem ainda não o assistiu, aqui está o link:



Primeiramente, é preciso salientar que o blog Conexão Flashback respeita qualquer forma de música e arte, sendo esta uma forma de expressão de opinião e de transmissão de uma mensagem. Ainda que a mensagem do funk carioca nem sempre reflita valores humanos e/ou sociais, é a forma de expressão de um artista e a cultura de determinado grupo de nossa população, o que precisa ser respeitado. Tendo dito isto, vamos a alguns comentários oportunos a respeito do vídeo.

O crítico musical foi feliz ao comentar a origem do Funk carioca e mostrar a confusão que há entre este e o funk original. Algumas pessoas ao ouvirem falar de funk associam-no imediatamente ao estilo difundido no Brasil pelo Dj Marlboro, e não ao funk dos anos 70, enraizado no R&B e na soul music e de forte influência na era disco.  A característica deste gênero musical é o forte groove de baixo e bateria, que dava o embalo dançante e gostoso de se ouvir, que faz sucesso até os dias de hoje.

Artistas como Kool and The Gang, KC & The Sunshine Band, James Brown, Chic, Earth, Wind and Fire, Sugarhill Gang, Parliament Funkadelic, entre outros, foram os grandes difusores do funk e da disco music na década de 70. Para conhecer um pouco mais sobre o funk, vale à pena ouvir um pouco das músicas destes grandes grupos daquela época.


Como podemos perceber, é um estilo musical bastante agradável e nem um pouco parecido com a base de batida quebrada e graves avantajados que encontramos no funk carioca, que deriva do Miami Bass. Podemos notar que as letras da música são fáceis de assimilar, encaixando-se no embalo da música e no objetivo de ser uma música de discoteca. A letra do funk carioca, apesar da fácil assimilação, possui rimas um tanto mais limitadas, e explorando temas como ostentação, sexualidade, violência, etc.

Quando questionado na entrevista se havia algum funk carioca que pudesse ser considerado de boa qualidade, Régis Tadeu hesitou e disse que  o trabalho mais próximo de um bom funk fora o realizado pela dupla Claudinho e Buchecha, nos anos 90. Este é mais um ponto interessante da história. A dupla de fato possuia músicas com uma batida quebrada, com letras agradáveis, e fizeram grande sucesso na década de 90, quando o movimento do funk carioca (ou até o funk ostentação atual) nem mesmo eram esperados como grandes movimentos musicais. O trabalho era considerado mais um pop do que propriamente funk. Vamos recordar abaixo o sucesso "Eu não existo longe de você", que inclusive foi recentemente regravada em uma versão mais lenta por Adriana Calcanhoto:




Enfim, como mostrado neste artigo, existem "funks" e "funks". Não endossamos o funk carioca, apesar do nosso respeito à esta expressão artística. Entretanto, deixamos a opinião sobre qual funk é melhor ao amigo leitor. O funk carioca é polêmico, mas ao que tudo indica, é um estilo consolidado em nosso país, por bem ou por mal. Resta divulgar o funk original, de modo a serem preservadas as raízes das boas músicas do passado, e não confundidas com  novos estilos que surgem.

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